Boa
tarde, amigos e amigas. Sou professor de Filosofia e Língua Inglesa em escolas
públicas no interior do Estado de Alagoas (e por aqui, diga-se de passagem, não
há nem a sombra de um luthier). Tenho uma história sobre amor ao instrumento para
contar que talvez possa ajudar ao menos aos pesquisadores – mas não sei se esse
maravilhoso espaço informativo me permite isso: Em 2006, adquirir um violino no
intuito de me familiarizar com instrumento de corda sem trastes até poder
realizar o sonho de comprar um violoncelo (vendi o violino meses depois). Em
2012, enfim, pude ter em mãos um Parrot 4/4 envernizado que assaz brilhante;
adquiri de um colega que já havia comprado de um outro colega que por sua vez disse-lhe
que já havia comprado usado em São Paulo; comprei com o intuito de realizar um
sonho persiste nascido em 1997, após ouvir incansavelmente os concertos para
violoncelo de Dvorak e de Elgar. Toquei esporadicamente sem pretensões de “aprender
de verdade”, mas a cada acerto, ao reproduzir uma música conhecida, sentia algo
tremendamente espirituoso, prazeroso ocorrendo no âmago do meu ser – e eu amava
a vibração de do corpo de um cello vibrando em meu peito, como se ele, por sua
estreita proximidade com o coração do musico, implantasse a cada arcada um
sentimento intenso e novo no local mesmo onde esses sentimentos afloram.
Nesse
Parrot 4/4 meio surrado eu ia fazendo alguns reparos e assim aprendi um
pouquinho de lutheria, mexendo em coisas que soube o nome esses dias,
principalmente no cavalete, buscando sempre aproximar as cordas do espelho;
aprendi a “tirar” uns sons inteligíveis de ouvido, ler partitura um pouquinho mais
e, como quase todo mundo, manter o sonho de executar algo das duas suites de
Bach ou do Concerto de Elgar... O surpreendente para mim foi que dias atrás, me
apareceu como que milagrosamente uns trocados de sobra e com esses trocados,
velhos sonhos despertaram também: fiquei ultra empolgado com a possibilidade de
adiquirir um cello novo e entrar numa etapa mais formal de aprendizagem do
instrumento. Daí que contando as cédulas, e percebendo o seu alcance (ainda
muito distante de cello de luthier) eu soube já qual deveria adquirir: um Eagle
CE300 o qual ainda tenho uma antiga fixação, e assim o fiz; comprei de uma loja
do outro lado do país, no Paraná; fiz tal loucura ao observar custos e
benefícios e segundo tudo que pesquisei e vivenciei nesses anos ao seu respeito
do CE300; penso que tal violoncelo é o Top de Linha para iniciantes muito
exigentes, permite muitas melhorias, e compensa com o tempo alguns
investimentos em acessórios e cordas melhores (meu limite são cordas de até R$
600,00); neste violoncelo quanto mais o tempo passa mais coisas boas acontecem,
mais ele fica amadurecido (digo isso baseado no que vi e ouvi de músicos em
minhas visitas em algumas igrejas de Maceió, de Recife e de Salvador). Eu chamo os Eagles CE200 e CE300 que vi de
violoncelos híbridos de luthier chinês-brasileiro, pois todos eles, ou a
maioria dos que vi e “toquei” tinham passado por luthier ou “luthier” autodidata;
acho que eles são muito versáveis, pois todos os dois modelos que vi e “toquei”
tinham sonoridades diferente, e alguns dos seus proprietários me dizia: “ele
soa assim porque eu pus corda tal, cavalete tal, breu tal”. O violoncelo Eagle
CE300, quando escolhido a dedo em uma loja de confiança, é um instrumento que
nos satisfaz imediatamente, sobretudo se colocarmos cordas novas, antes de inaugurá-lo,
cordas do tipo Calixto, ou Jaguar, por exemplo, dão um aspecto altamente
diferenciado a este cello novo. Gosto deste cello, porque, exceto pelo verniz
que não conheço, tudo nele reproduz os processos tradicionais de construção,
seja o tampo inteiriço e maciço de cima ou do tampo maciço, duplo colado de
baixo, bem como suas laterais, tudo é igualzinho aos vídeos de luthiers
internacionais que venho assistindo no Youtube, por exemplo.
Sobre
meu novo cello, Eagle CE300, acho que tive muita sorte, ele chegou esses dias
e eu mesmo o montei; antes de tudo, troquei as cordas por outras da Jaguar; a
alma estava ok; vi que as diversas madeiras bem coladas como nos violões da
Eagle; só tive um probleminha com o cavalete que tive que diminuir um pouquinho
antes de colocar as cordas e com a afinação (deixei o cavalete exatamente igual
a curva final do espelho; a afinação segurou em dois ou três dias após).
Obviamente ele soa melhor do que o meu antigo Parrot; como iniciante todos
esses anos, percebi que adentrei em uma segunda fase de relação com o
violoncelo. Por causa disso, estou visualizando ao longe, no horizonte, uma
evolução significativa como “músico” que poderei me tornar; aos poucos vou me
familiarizando com o método Dotzauer. A
antiga arte das cordas clássicas respira em todo ligar. Agradeço a vossa nobre
paciência.
Se você gostou deste texto, nos apoie em nossos estudos e pesquisas! Muito obrigado